8 de dezembro de 2009

Se a felicidade depende de um período, esse período é o primeiro ano de vida. Se depende de uma pessoa, essa pessoa é a mãe.


Olá Minhas amigas!

Essa frase acima é de um psicanalista e ela abre uma grande entrevista com o médico pediatra José Martins Filho, autor de vários livros sobre a educação e criação do mundo infantil, comportamento dos pais e filhos e outros importantíssimos assuntos sobre este mundo.

O que mais me destacou nesta entrevista que se encontra interia na revista Pais&Filhos, é que José Martins tem uma preocupação com a ausência da mãe na vida de seus filhos, desde que ela foi trabalhar e ajudar no sustento da família, às vezes pressionada pela a sociedade ou às vezes por opção, por realmente não querer abrir mão da profissão ou por querer descansar dos filhos, como ele mesmo diz.

Esta entrevista, foi para mim, um ouro. Tudo que eu queria era conversar com ele de cara a cara para tirar muitas dúvidas que nos assombra como mãe (quem sabe um dia, né?!). Mas enquanto isso não acontece, coloquei aqui algumas das passagens que mais achei interessante.

Você acha que a mulher deveria deixar de trabalhar para cuidar dos filhos?
Não prego que a mulher largue o emprego. Isso, para quem quiser, é maravilhoso! O problema é poder. O que a gente fala é preste atenção, priorize a relação com a crianças. Hoje a mulher levanta às 6h, sai de casa, não volta pra almoçar, chega em casa às 19h, 20h, quando os filhos já estão dormindo. As crianças ficam sendo delegadas pelas babás, às vezes ótimas, às vezes horríveis.

Como é a boa babá?
É aquela que se apaixona pela criança. Um vínculo forte, porque substitui a mãe. Algumas mulheres entram em parafuso quando percebem, se sentem culpadas. Aí, demitem a babá.

E como fazemos para mudar isso?
O ideal mesmo é que as pessoas estejam preparadas para entender que, quando vier um filho, a vida muda. Sou pediatra há 40 anos. No começo via mulheres que davam à luz na casa dos 20 e poucos anos; hoje deixam a gravidez para depois dos 35 anos. E outra coisa: cada vez mais casais optam por não ter filhos. Começamos adiando o momento de ter filhos e depois, estamos nos negando a tê-los. Isso gera uma questão social muito importante, porque a maior parte das crianças é do segmento mais carente, que precisa muito mais de assistência e isso tem custo social.

O senhor cita Winnicott (o psicanalista da frase do título) para falar sobre a questão de que a felicidade da criança depende da presença da mãe pelo menos no primeiro ano de vida. Então, o que seria o ideal?
Winnicott diz que o bebê não existe sozinho, o bebê é ele e sua mãe. A criança não sabe que nasceu, ela vive uma simbiose com a mãe. Se você a separa precocemente , isso tem um significado negativo. Quando uma mulher precisa trabalhar entra em pânico. E eu não quero que as mulheres se sintam culpadas. Quero que elas percebam como é necessário a gente lutar por condições melhores. Tem uma legislação que também não é cumprida, que diz que as empresas com mais de 30 mulheres tem de ter uma creche no local de trabalho. Mas o que se faz? Em vez de uma creche no local de trabalho paga-se uma creche muito longe e a mãe não tem como manter a amamentação, a creche perde a função.

A amamentação é tão importante assim?
O ideal é a mãe que fique junto, que acalente, que amamente... o leite materno não é um líquido mágico. Ele é fundamental porque permite um contato íntimo entre a mãe e a criança. Se uma mãe tem três filhos e uma babá para cada um, na verdade as mães são as babás e ela é a administradora das babás.

Vou fazer o advogado do diabo. Se não temos parentes por perto, a gente acaba tendo de pagar a alguém que ajude.
Você tem razão. Acho que há babás maravilhosas e ainda bem que elas existem. Só que não podemos esconder a verdade: essa babá é a verdadeira mãe, é quem realmente dá o afeto. Outro dia me pergutaram: E quando a criança ficar doente? Respondi: A mãe vai ficar com a criança. Mas ela falta no trabalho? Falta. O médico dá um atestado dizendo que ela saiu porque uma criança doente fica carente e precisa da ajuda da mãe.

Pois é, e às vezes a criança fica doente por isso.
Você imagina como fui bombardeado. Ah, você está no século passado. Tive casos em que a mãe me ligava do trabalho às 22h e falava: Olha Martins, estou no trabalho e meu filho está com 40 graus de febre. Dá pra você falar com a minha babá?!
Quando chegam ao consultório e pergunto: Quando começou a febre? A mãe vira para a babá e pergunta: Quando começou? Ela não sabe!
Se você não vai poder se dedicar um pouco ao seu filho, é melhor esperar até poder.

A família tem de cuidar da mãe para que ela possa cuidar do filho. Não é?
Quando começam as dificuldades no aleitamento, a mãe entra em profunda fossa. Aí vem a vovó, que já é de uma geração que não amamentou, que fez a filha pensar que o importante é trabalhar. A mulher mais velha, decepcionada com a sua história, passa para a jovem: Você tem de ser profissional, um dia teu marido e seus filhos vão embora.

Tem mãe que diz que trabalha para descansar dos filhos...
Tem mulheres que ficam muito ansiosas de ficar cuidando do filho e às vezes, pagam para trabalhar. São mulheres cujo salário não cobre os custos que ela tem com a babá. Se vejo um caso desses, vou com muito cuidado: Olha, será que não valeria a pena você dar um tempo, ficar um pouco com o seu filho e daí, depois você volta. Mas aí você pensa: Não, não vem com essa história, pelo amor de Deus. Não dá pra forçar a barra. Tudo bem, liberdade para homens e para as mulheres. Mas que vai cuidar das crianças? Essa pergunta está no ar.

"Sou feminista. Acho que a sociedade só vai melhorar quando a mulher puder dar mais afeto para os seus filhos no começo da vida." José Martins Filho.

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